quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

www.revistaprofashional.com.br

Poeta da alma...
por Marisa Abel

Músico, escritor, contador de histórias envolventes, Fábio de Melo une as palavras em mensagens que tocam o coração, o padre é um verdadeiro poeta da alma. “Amar talvez seja isso, descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz”, pe. Fábio de Melo

Você, querido leitor profashional, deve estar se perguntando neste momento o que um padre faz na capa de uma revista de moda, e nós respondemos: Fábio de Melo é um tradutor de sentimentos do mundo. Tem o poder transformador das palavras e mensagens que falam de vida, da beleza de amar e comungar com o universo a maravilha de ser você mesmo e de viver – isso é profashional. A nossa abordagem aqui não é sobre uma religião específica (respeitamos todas as crenças) e sim sobre o valor de cada mensagem.

Antenado às tecnologias e nas formas de comunicação do século XXI, pe. Fábio tem site, posta suas reflexões em seu blog, faz shows por todo o Brasil e celebra a vida com plenitude, mas, sobretudo isso, ele faz da música e das palavras o seu instrumento disseminador de idéias, não exclusivamente para os católicos, mas para todos aqueles que apreciam a frase dita de forma direta e que faz seu cérebro (e coração) parar para refletir.

Cada frase é uma união de palavras que nos faz ver na simplicidade a beleza do eterno e descobrir o que é essencial e nossa própria essência. “Eu vejo estradas construídas na minh’alma, por onde passa o mundo inteiro bem ali” (música: “Enredos do meu povo simples”). Mais sobre essa energia do padre você também pode ler na seção script.
“Eu sou um contador de histórias... gosto de me aventurar no universo das palavras, gosto de vê-las clamando por minhas mãos, desejosas de saírem da condição do silêncio. Escrever é uma forma de desvendar o mundo”, essa é uma das descrições que o trovador Fábio tem de si, nós concordamos.


Confira a entrevista exclusiva que pe. Fábio de Melo cedeu para a Profashional:

Profashional: As palavras bem colocadas acompanham os seus pensamentos e nos fazem pensar nos momentos de nossa vida e na importância de cada coisa. Tanta inspiração vem de experiências vividas ou acompanhadas?
Fábio de Melo: O cotidiano é minha fonte. A vida humana é minha matéria. Ou porque vivi, ou porque vi de perto.

P.: Você já declarou que com a música é preciso fazer com que a imagem aconteça dentro de você. Quando está cantando, você sente toda essa vibração. O que acontece no seu íntimo?
F.M.: Nem sei. É tudo tão intenso que nem dá para dizer. O que sei é que há um envolvimento pleno. Música é também imagem. Há cenas nas frases.

P.: A música é pano de fundo da sua vida. Existe alguma em especial que toca mais seu coração?
F.M.: A música popular brasileira me toca muito. Há trechos que se tornaram imortais para a nossa cultura.

P.: Você fez da música um instrumento de trabalho. Hoje, como você enxerga todo esse processo?
F.M.: Eu não me separo da música. O meu ministério sacerdotal se desdobra na arte. Antes de tudo, eu sou padre. O ofício que exerço é um desdobramento do que sou.

P.: Nas suas palavras “religião é religar duas pontas que precisam se encontrar”. Em todos os seus momentos, o que de maior destaque foi religado ao seguir o caminho da religião?
F.M.: O discurso religioso pode nos ajudar a reintegrar o que perdemos ao longo da vida. A palavra de Jesus é de devolução. Ele me devolve a mim mesmo. Sempre que encontro alguém e escuto: “Você me ajudou a ser eu mesma!”, eu penso – “Valeu ter vivido!”

P.: A decisão em optar pela batina ocorreu em que momento da sua vida?
F.M.: Desde criança. Cresci numa família muito religiosa. A figura do padre sempre disse muito ao meu contexto cultural. Eu via no padre uma pessoa feliz, realizada, fazendo o bem às pessoas. Quis ser também.

P.: Quais são as ações que você julga ser as que mais fazem as pessoas refletirem sobre suas vidas?
F.M.: Geralmente, é o momento da dor.

P.: Você é um padre moderno. Tem site, canta, faz show e ainda possui um blog no qual posta seus pensamentos. Como é sua relação com os artefatos da modernidade?
F.M.: Eu me utilizo de tudo o que posso. Os meios estão aí e as pessoas estão necessitadas. Não posso negligenciar a oportunidade de melhorar o mundo. Eu creio no poder da palavra. Palavras mal ditas possuem o poder de nos destruir. Palavras bem ditas exercem poder contrário. Eu prefiro o segundo poder.

P.: Com a agenda lotada de compromissos, sobra tempo para conhecer as cidades por onde você passa?
F.M.: Não. Sempre que viajo a trabalho, eu já saio de casa sabendo que não conhecerei muita coisa. Não crio expectativas.

P. : Defina o poder das palavras.
F.M.: A palavra é uma pá que lavra o chão da nossa alma.

P.: Quando não está usando a batina, costuma praticar quais atividades?
F.M.: Eu não uso batina. Só uso os paramentos litúrgicos para as celebrações. Eu me visto normalmente.

P.: Na sua visão, como está o contato entre as pessoas e a religião nos dias de hoje?
F.M.: O discurso religioso, quando mal aplicado, é um instrumento de guerra. Tenho medo das religiões que alienam. Elas retiram as pessoas do comprometimento histórico e as projetam para esperanças futuras. Religião não pode ser feita somente de esperanças futuras. O hoje é o lugar da ação de Deus. A realização humana consiste em descobrir o equilíbrio entre as pontes do tempo. O céu começa agora. O inferno também. As escolhas que fazemos na vida são determinantes para o estabelecimento de um ou outro.

P.: Se não fosse padre, o que gostaria de fazer? Seguiria alguma profissão?
F.M.: Eu queria ser veterinário.

P.: Qual seu pensamento sobre a moda?
F.M.: Muito mais importante que estar na moda é estar bem cuidado.

P.: Seu estilo de se vestir é...
F.M.: Não sei. Vocês que são especialistas é que precisam me ensinar... Risos.

Curtas e Rápidas...

Uma música: "Beatriz" (Edu Lobo e Chico Buarque).
Melhor momento: Sempre que posso, eu o faço acontecer.
Parábola para ser sempre usada como exemplo: A do semeador.
Vida: Prioridade.
Morte: Inevitável.
Sabor de... Chocolate com menta.
No dia-a-dia não pode faltar: Um poema de Adélia Prado.
O livro que mais gostou de escrever foi... "Mulheres de aço e de flores".
Jesus... Minha matriz. Eu sou a filial.
Fábio de Melo por Fábio de Melo: Um homem feliz, realizado.
Ser Profashional é... É ser integrado, não deixando que nada de nós fique de fora.

"Você pode até dizer que não entendeu o que te disse,
mas jamais poderá dizer que não entendeu como te olhei"
(Fábio de Melo)




















(clique na imagem para ampliar)


Onde Encontrar???
Av. Jandira, 843 - Moema - São Paulo - S.P. - 04080-005
Fone: (11) 5051-4084


Nenhum comentário:

Postar um comentário