Diante de mais de 800 pessoas, um sacerdote dá provas de que é o novo Marcelo Rossi
ALINE NUNES, aline.nunes@grupoestado.com.br
Até parecia um evento de nível internacional. Uma multidão de 800 pessoas lotou a Livraria Cultura do Conjunto Nacional na noite de quarta-feira para prestigiar um dos padres mais pop do País: Fábio de Melo, o cantor que mais vendeu CDs no ano passado. No lançamento do livro Cartas entre Amigos - Sobre Medos Contemporâneos, que o religioso lançou com o educador e vereador Gabriel Chalita, as fãs - a maioria mulheres - faziam de tudo para tomar a ‘bênção’: houve quem ficasse mais de 12 horas na fila de autógrafos e quem encarasse um dia inteiro de viagem. “Eu amo esse padre, ele é lindo”, dizia um grupo de jovens de 16 e 17 anos, vindas do Rio Grande do Sul.
O movimento na livraria era tanto que o fechamento da loja teve de ser prolongado - o relógio marcava 22 horas e os fãs continuavam na fila do autógrafo, com o livro em punho. Chalita e Padre Fábio atenderam todos, até os mais afobados. Duas fãs até chegaram a discutir antes de ganhar um autógrafo.
No teatro da livraria, o padre e o educador demonstravam intimidade, depois da experiência de escreverem um livro em parceria. “Esse homem me ensinou muito”, disse o padre sobre Chalita. “Me ensinou que a ira emburrece e me ajudou até a escolher roupas melhores. Hoje até meus pares de sapatos são mais chiques.”
Entre uma lembrança e outra das cartas que trocam no livro, a dupla foi homenageada pelos convidados. “Vamos gente, vocês também podem fazer perguntas”, dizia o padre aos presentes. Mesmo com o ‘aviso’ do religioso, as mulheres insistiam apenas em elogiá-lo. Ele apenas sorria em resposta aos gritos de ‘lindo’. Mas esbanjando bom humor, o padre acenava para as centenas de pessoas e chegou a mandar beijinho para as mulheres. “Nossa, estou pop”, brincou Fábio com Chalita.
Moradora da região, Mariana Moreira, 38 anos, ficou espantada com o alvoroço na livraria. “Eu sempre estou por aqui e juro, nunca vi isso.”
Depois da palestra dos escritores, começou a maratona de autógrafos. Freiras choravam, enquanto as fãs idosas, já cansadas, competiam com o corre-corre dos atendentes. O convidado da noite foi Geraldo Alckmin, que apresentou Chalita e o padre. Foi desse encontro, entre discussões de sociologia, que a dupla resolveu escrever a obra publicada pela Ediouro - pronta em apenas três meses.
Nos corredores do lugar, Alckmin teve de pedir licença aos organizadores do evento para chegar mais perto da mesa dos autores. “Fico feliz de um encontro nosso ter rendido esse material”, disse o político.
Outros convidados de peso, como o escritor Silvio de Abreu, foram ao lançamento e tiveram dificuldade de chegar próximo à mesa de autógrafos. A fila só aumentava. Alguns consumidores que estavam em seções próximas ao último andar da loja até desistiram de transitar pelos corredores da livraria e resolveram ir embora. “Isso aqui está uma muvuca. Nunca vi tanta tietagem. Não consigo nem ler meu livro direito”, reclamou o engenheiro Maurício Mendonça da Silva, de 51 anos, que não estava na livraria para ver o padre. Do lado de fora, curiosos que transitavam pela Avenida Paulista resolveram também dar uma ‘passadinha’ na noite de autógrafos. “É aquele padre ‘saradão’ que está lá dentro?”, perguntava Marisa Tavares, funcionária do Conjunto Nacional.
Quem faturou com o encontro foram os taxistas que trabalharam até duas vezes mais com a visita do padre superstar do que um dia comum da semana.
Ainda na loja, uma fã de Padre Marcelo se emocionava com o encontro com a nova estrela da Igreja Católica. “Eu escutei a música do Padre Fábio numa reunião do Padre Marcelo e me apaixonei”, declarou a fiel Carla Pereira Balthazar, que conseguiu autógrafo do seu livro depois de muita fila.
15/05/2009
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