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Não, não é a “insustentável leveza”, como quisera o autor Milan Kundera. Eu prefiro falar da “admirável”, do processo que nos permite deixar cair os excessos. Aqueles que vemos e os que não...
Há um valor incomensurável em ser leve, viver leve. Falo de todas as levezas. Do corpo e da alma. Outro dia, vi uma campanha publicitária que fazia uma pergunta interessante. “O que você faria se estivesse com cinco quilos a menos?”
Instigante! Perder peso pode ser sinônimo de qualidade de vida. Quem está acima do que deveria estar sabe muito bem disso.
Os joelhos é que sofrem com nossos exageros. Suportam muito mais daquele que deveriam. A coluna também. Dores nas costas nascem de posturas erradas que são conseqüentes de quilos excessivos. Quilos a mais equivalem, portanto, a dores, sofrimentos, desconfortos.
Outro detalhe. Quanto maior o peso, maior é o sofrimento do coração. Dedicado, ele se empenha em cumprir bem o papel de manter tudo irrigado. Se o peso é dobrado, o trabalho dele também. O dono até sabe de tudo isso, mas se esquece no momento em que está diante de um prato de batatas fritas...
Mas há outras levezas a serem buscadas. As levezas do ser. Ainda não vi nenhuma grande campanha publicitária que nos motivasse a perder os pesos da alma. Esta campanha acontece em outros formatos. É mais silenciosa. Acontece no momento em que optamos por valores que nos agregam harmonias que não são externas. Levezas que nos elevam. Perder o ciúme, por exemplo. Abandonar ódios antigos. Deixar de ceder aos rancores que também nos entortam a postura, porque pesam concretamente sobre nossos ombros. Isso é ficar leve. Para nós e para os outros. O valor desta leveza é inegável! O resto da humanidade agradece. Afinal, não ser peso para os outros é um jeito interessante de diminuir os pesos do mundo. Há gente pesada demais nessa vida...
Emagrecer requer disciplina. Todos nós já sabemos disso. Adquirir virtudes tambem. Alcançar a leveza do corpo e a leveza da alma são processos semelhantes. Evitar os excessos é a primeira regra. Corpo e alma não assumem elegências por foça de milagres. É a força do processo disciplinador que lhes empresta o molde. É a força do muito penar que lhes confere harmonias admiráveis.
Difícil? Ninguém nos prometeu que seria fácil. Sigamos querendo a leveza. Do corpo e da alma. Nós merecemos. A vida agradece.
Padre Fábio de Melo.
Fonte: Revista Tal
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