sábado, 8 de novembro de 2008

Entrevista no Jornal O Dia 09/11/2008

O padre-galã que arrasa nos palcos

O sacerdote Fábio já vendeu 1,2 milhão de CDs e cantará no Canecão. Ele rejeita rótulo de artista.


Ele tem pose de cantor romântico e galã de novela, mas rejeita os rótulos. Seus fãs - que torcem o nariz para esse termo - também não o vêem como estrela. Mas a reação da platéia quando o padre Fábio de Melo sobe ao palco não é outra senão a de euforia com o líder religioso, que ultrapassou as fronteiras do sacerdócio. Novo fenômeno católico por operar o milagre da multiplicação de CDs, DVDs e livros, o padre multimídia vem ao Rio em janeiro para cantar.

Mesmo correndo da imagem de artista como o diabo foge da cruz, esse mineiro de 37 anos admite que "nunca foi muito convencional". Os números são fabulosos: 1 milhão e 200 mil cópias vendidas de 11 CDs, quatro discos de ouro e cinco de platina, cinco livros e um DVD. Tudo comercializado em seu site.

"Sobrevivo do meu trabalho. Afinal, não tenho paróquia. Sou um autor. Todos os padres que conheço e trabalham com música estão comprometidos com causas muito nobres", explica Fábio, ao responder sobre a polêmica envolvendo religiosos que faturam com arte.


>>FÃS, NÃO, FIÉIS
Seus fãs, quer dizer, os fiéis, rezam na mesma cartilha: "A palavra 'fã' remete a comportamentos que não podem ser atribuídos a quem foi evangelizado por ele, que é apenas um sacerdote. Sua vida é servir. Há pessoas equivocadas que imaginam um Fábio irreal", critica a estudante Carla Pereira Balthazar da Silveira, 35 anos.

Eles chamam seus shows de "pregações com música". E dispensam filas para bater foto ou pegar autógrafo no camarim; preferem só ouvir a palavra de Deus, traduzida em canções poéticas feitas pelo padre - sim, ele também compõe, e é apresentador de TV e professor. Algumas melodias e letras lembram músicas da MPB, que ele curte e costuma gravar.

Influenciado por Chico Buarque e Cartola, Fábio mostrará dia 6 de janeiro, no Canecão, o recém-lançado CD 'Vida'. Uma das faixas é o clássico 'Pai', lançada nos anos 70 por Fábio Jr., que pela primeira vez a liberou para outro cantor gravar.

Caçula de oito filhos, formado em Filosofia e Teologia, Fábio se preocupa mais com a missão de evangelizar do que com reações contrárias à sua mistura entre religião e cultura, que diz ter enfrentado mais fora que dentro da Igreja.

Ordenado padre em 2001 e atualmente ligado à Diocese de Taubaté (SP), ele resume com simplicidade, o que deseja do futuro: "Não tenho muita aspiração. Prefiro a inspriação".



>>5 MINUTOS

1 - Como o senhor descobriu que não seria um sacerdote convencional?

- Nunca fui convencional, nem no seminário. Sem criar muito conflito, busquei minha autenticidade em tudo que fazia. O risco de se viver em comunidade é justamente a despersonalização. Sempre velei muito para que eu não me perdesse de mim mesmo.

2 - A Igreja reagiu mal à sua mistura de religião e cultura?

- Não. É claro que sempre há uma ou outra reação contrária, mas não prevalecem. O preconceito maior é fora da Igreja. Encontro muita gente falando que a Igreja deve se modernizar, mas quando vêem um padre fora dos padrões tradicionais, reagem com preconceito. Escuto muito isso: "Esse padre é moderno demais para o meu gosto!".

3 - O senhor é um galã?

- Eu não. O grande problema é que todo mundo corre o risco de ser olhado com pressa. Eu prefiro ser chamado de padre. É mais justo. Afinal, não quero ver banalizado o que é mais importante em mim.

4 - Como o senhor lida com o assédio feminino?

- Com tranqüilidade. O respeito parte de mim. Sempre digo que somos tratados como autorizamos.

5 - Como a fé pode ajudar a combater a violência e a corrupção?

- A fé é uma espécie de costura que nos ata às esperanças. Por isso luto tanto por uma fé madura. Nada de alienações. O que cremos precisa mudar o que somos. Minha fé em Deus não pode se resumir ao rito de ir à missa. Ela só será realmente eficaz se continuar acontecendo através de atitudes concretas.


3 comentários:

  1. A entrevista foi muito boa, exceto os rótulos que os jornalistas brasileiros adoram "criar"como nessa edição "Fábio Jr. da FÉ",nada
    original.Parabéns pelas respostas concedidas ao jornalista, nós que fomos atingidos pela palavra de Deus através desse padre divino-humano não somos superficiais que observam apenas a aparência e esquecem a essência do ser humano.
    Devemos modificar o comportamento, como pedir fotos, autógrafos a fim de desmistificar essa imagem de que
    somos "fãs", atitude típica e infantil das pessoas que admiram os artistas do meio secular.Afinal,
    a nossa fé é "madura".
    Um abraço.

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  2. Gostei muito da entrevista.

    (Anônimo, Parabéns pelo comentário!)

    Infelizmente, rotular as pessoas faz parte do show da mídia.

    O pe. Zezinho em sua juventude também foi taxado de padre galã.

    Penso que o Direção Espiritual mais do que nunca será de grande importância para o pe. Fábio. Ele que testemunhou que antes do DE era conhecido apenas como cantor católico e o programa o apresentou como padre.

    Para essas pessoas que chegam e a elas é apresentado o cantor bonito, à medida que forem conhecendo mais o trabalho dele irão se deparar com o DE que mostrará o sacerdote de grande valor que ele é.

    Maria

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  3. Realmente as pessoas precisam ter uum certo cuidado em relação ao padre e não deixar que ele seja desmistificado como sacerdote que transmite sabiamente oJesus que ele representa e que de certa forma acaba sendo um Jesus em nossa vida a partir do momento que nos direciona de maneira que sintamos que somos filhos do céu.Ele é carismático ,empático e conhece o ser humano como ninguém.Só aprendi a me conhecer depois que passei a assistir DE,ler seus livros e ouvir suas músicas.Hoje,Pe Fábio faz parte da minha vida e sou feliz por isto.

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